A Francofonia é muitas vezes reduzida a uma comunidade linguística, ao passo que é um verdadeiro instrumento de soft power. Língua, cultura, educação e redes econômicas se entrelaçam para fornecer uma influência discreta, mas duradoura, que pode moldar narrativas, alianças e oportunidades em escala global.
O soft power do mundo francófono baseia-se, antes de mais, na língua. O francês continua a ser uma língua de diplomacia, de ensino superior e de criação. Instituições culturais, programas de intercâmbio e universidades francófonas disseminam valores e know-how que fortalecem a atratividade dos países francófonos. Esses fluxos humanos – estudantes, artistas, empresários – criam transmissões informais de influência que duram muito além das ações diplomáticas tradicionais.
Os meios de comunicação social e a criação cultural desempenham um papel fundamental. O cinema, a música, a literatura e as plataformas digitais francófonas exportam representações do mundo e alimentam imaginações partilhadas. A Francofonia também está disponível em festivais, canais de televisão e estações de rádio que moldam a opinião e promovem a visibilidade positiva dos países membros. Esta diplomacia cultural, muitas vezes menos dispendiosa do que a diplomacia tradicional, gera uma capitalização simbólica que é essencial para o soft power.
A educação e a cooperação universitária ampliam a influência francófona. Bolsas, parcerias de pesquisa e campi internacionais formam elites que mantêm laços duradouros com os países anfitriões. Estas redes profissionais e académicas facilitam os intercâmbios económicos e políticos, ao mesmo tempo que divulgam normas e práticas inspiradas nos sistemas educativos francófonos.
No plano económico, a Francofonia promove as relações comerciais e o investimento entre Estados que partilham a língua e os quadros jurídicos vizinhos. As empresas francófonas beneficiam de um mercado de confiança onde a língua facilita a negociação e a cooperação. As instituições multilaterais da Francofonia apoiam projetos de desenvolvimento, reforçando assim a sua influência através de ações concretas no terreno.
Porque é que este soft power ainda é desconhecido? Porque muitas vezes opera nos bastidores: influência cultural difusa, redes pessoais, diplomacia da educação e intercâmbio. Ao contrário do hard power, os seus efeitos são lentos de medir, mas duradouros.
Reconhecer e valorizar a Francofonia como soft power significa investir mais na mobilidade estudantil, nos meios de comunicação social de língua francesa e na cooperação cultural. Significa também integrar esta força discreta nas estratégias públicas para melhor defender os interesses comuns e promover uma influência positiva à escala global.



